Um título para partir


Cheguei dia 22 mais ou menos. Eu queria dar o fora, e não queria levar você comigo. Então,
fingi te admirar dormindo, fiquei sem culpa e parti. Cheguei e ninguém me esperava no portão. Nenhuma palavra de saudade, nem de quanto tempo. Teve um se ajeite ai, de qualquer jeito, que lembrei agora e ri. É verdade.
Deixei a mala pra um mês, dentro do armário que eu mesmo achei um espaço. E ganhei um abraço raso ao entrar. Fazia alguns anos que não vinha, que não via, pensei que ia ter de contar as novidades, logo de cara, e já passava as mãos no cabelo, esperando aquele momento, que não veio. Que sorte grande que não tardou.
As duas semanas primeiras, foram cheias e eu me senti sem casa. Sem casa. Porque antes, esta era. E sem a que deixei e sem mais essa, onde eu estaria morando? Assim, me senti confortável com a noção de estar vazia e sem rumo.
Eu na tinha louco querer, nem planos, nem providëncias. Não queria ouvir, nem assistir, não queria nem lembrar que tinha um ano inteiro pela frente pra conquistar.
Aqueles que ouvia, nãos eram meus, eram cintos que me apertavam pra uma decolagem com rumo. E isso era fácil. Eu sei que você entende, o quanto de sim entra em mim agora.
Não tem quarto, nem cama reservada, meu sono é na sala e sem sonho também, porque nem disso eu lembro. Quem bom que ainda está sendo assim.
As conversas fiadas começaram como tinha de ser. E passaram logo com a novidade de que agora eu tenho tudo.

Com carinho, não se preocupe.

Comentários

  1. Com tudo ou sem nada, Continue escrevendo...

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  2. Oi, Juliana!!!
    Começamos a fazer curso na ESDC juntas, mas precisei parar... passei por aqui e gostei! Beijos, Viviane.

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